Vida velha
Minha vida pode ser dividida da mesma
maneira como a contagem dos anos, ou seja, antes e depois de Cristo. Ouso dizer
que tenho duas datas de nascimento, meu aniversário e minha conversão. Não
caberia estender esse relato dando detalhes da minha vida, mas é importante
destacar como Deus me chamou para viver nEle, por Ele e com Ele.
Desde nova, vivia buscando a Verdade nos
enganos da vida, em outras crenças, religiões, seitas, superstições, até mesmo
nas bebidas e exageros da juventude. Quem me conhece bem, sabe que eu costumava
acreditar em tudo o que me aparecia e me diziam. Hoje sei que eu agia assim porque
estava sedenta de Deus. O desejo de Deus só aumentava em mim, mas eu me perdia
nas armadilhas da vida estrategicamente armadas pelo inimigo de Deus, e não
conseguia enxergar e entender o que me faltava. O perigo está no vazio que
sentimos quando vivemos sem Deus, pois tendemos a preenchê-lo com mentiras,
enganos, vícios, desamor... Aos olhos do mundo eu vivia uma vida “normal”, com
os abusos e exageros da juventude, erros e acertos. Estava sendo uma jovem
comum, levando uma vida moderna, um tanto exagerada, porém dentro dessa
“libertinagem consentida” que caracteriza os “novos tempos”. Mal sabia que eu estava
caminhando para a destruição. Eu pensava como muitos: “Eu não mato, não roubo,
então sou uma boa pessoa”, “Eu rezo de vez em quando, não preciso de um padre e
nem de Igreja”, dentre outros pensamentos.
Pois bem, o resultado de toda essa
mentira era uma angústia, uma dor que me corroía indicando que este caminho não
era o de Deus. Eu achava que “ser bom” era apenas não fazer o mal a ninguém
deliberadamente, baseado naquilo que eu, na minha ignorância, tinha como certo.
E eu fui me esquecendo de mim, eu estava “matando” em mim a vida, “roubando” de
mim a graça de Deus. Entendam irmãos, se eu pouco sei agora das coisas de Deus,
naquela época não sabia de nada. Eu não sabia o que era ou não pecado, portanto
eu não levava uma vida de pecado conscientemente, até porque ela se adequava
perfeitamente ao mundo. Eu tinha como bom o que o mundo me dizia que era bom,
ou seja, tinha o mundo como o senhor de minha vida. Eu não sabia que os
prazeres mundanos, além de temporários, levavam à escravidão e destruição.
Claro que nós podemos ter momentos prazerosos na vida, desde que não afrontemos
os mandamentos de Deus e não nos tornemos escravos deles. Eu estava
completamente cega, nadando a favor da corrente do mundo e contra a corrente de Deus.
Chamado à Vida Nova
Últimos dias de maio de 2009, não me
lembro ao certo o dia. Estávamos morando eu e meu marido no interior da Bahia.
Da janela da sala dava pra ver a Igreja de São Francisco de Assis que eu nunca
tinha pisado até então. Era uma noite comum, eu estava sem sono vasculhando o
computador. Até que encontrei sites que me assustaram muito e me levaram a
lembrar do inimigo de Deus. Assustada, busquei sites falando de Nossa Senhora
para eu me tranquilizar. Mas encontrei mensagens falsas e assustadoras que diziam ser de
Nossa Senhora. Nossa, fiquei apavorada, amedrontada! Até que encontrei um site que
finalmente acalmou meu coração e me trouxe alguma paz (www.queridosfilhos.org.br). É um
site que visa divulgar as mensagens trazidas do Céu por Nossa Senhora em
Medjugorje. Não vou me aprofundar aqui, mas não deixem de acessar. Um pouco
mais calma consegui dormir, mas ainda muito agoniada.
Foi então que tudo aconteceu. Vou chamar
de sonho, mas foi uma vivência difícil de explicar com palavras. Então, eu tive
um “sonho” extremamente real e claro. “Alguém” caminhava ao meu lado em um
caminho longo, com curvas, entradas... Tinham rosas lindas por todo lado como
se fossem grandes canteiros a perder de vista. Apenas “três pessoas” estavam
colhendo essas rosas. Me lembro de perguntar a quem estava andando comigo, o
porquê de outras pessoas não pegarem também as rosas. Ela disse que só essas
três pessoas podem colher. Nessa hora pensei que seriam para vender e estranhei
por não ter ninguém desrespeitando essa regra. Nós chegamos perto de uma das
três pessoas que estava agachada colhendo as rosas, e quando me viu me ofereceu
uma rosa azul. Ai eu fiquei sem graça, imaginando que faria falta à pessoa e
disse que não precisava, mas ela insistiu e disse que a rosa azul era a mais
comum, que tinha muitas, de sobra e era para eu aceitar. Realmente o canteiro
estava tomado de rosas azuis. Aceitei e também ganhei outras duas rosas de
outras cores. Continuei no caminho e, fim...
Fim? Não, começo... Acordando no dia
seguinte, relatei o “sonho” ao meu marido, impressionada em como parecia real.
Segui normalmente meu dia lembrando do “sonho” a todo instante e durante todo o
tempo eu “ouvia” uma voz interna que me dizia para procurar por “rosa azul” na
internet. O DIA INTEIRO FOI ISSO!! Mas eu ignorava essa “voz”, abafava-a dentro
de mim. Chegou a noite, nos deitamos para dormir. Mas eu não dormia...Até que
não aguentei mais, levantei, fui até o computador e busquei “rosa azul”. Claro
que encontrei inúmeras variedades de informações a respeito, porém minha
atenção ficou voltada a “lenda da rosa azul” que encontrei em vários sites, e
também ao fato de que os japoneses tentam reproduzir geneticamente há décadas
uma rosa azul e não conseguem. Eles tingem rosas de azul, mas não conseguem reproduzi-la.
Ela não existe naturalmente e o máximo que eles conseguiram foi um lilás. Na
época também encontrei uma informação dizendo que dar uma rosa azul a alguém (simbolicamente
já que não existe) significa dar a ela seu amor incondicional, dar sua vida sem
pedir nada em troca, assim como Jesus morreu por todos nós. Foram essas informações que prenderam minha atenção e que
serviram de faísca para acender o fogaréu do Espírito Santo em mim.
Segue a Lenda da Rosa azul
No Mosteiro da
Cartuxa, no Buçaco, em Portugal, vivia, em séculos que já se foram, um piedoso
e santo monge, cuja vida se consumia, inteira, entre a oração e as rosas.
Jardineiro da alma e das flores, passava ele as manhãs de joelhos, no silêncio
da nave, aos pés de um Cristo crucificado, e as tardes, no pequeno jardim da
ordem, curvado diante das roseiras, que ele próprio plantava e regava.A sua
paciência de jardineiro era absorvida, entretanto, por uma ideia, que era um
sonho: encontrar a rosa azul das lendas do Oriente, de que tivera notícia, uma
noite, ao ler os poemas latinos dos velhos monges medievais. Para isso, casava
ele as sementes, os brotos, fundia os enxertos, combinando as terras, com que
as cobria, e as águas, com que as regava, esperando, ansioso, o aparecimento,
no topo da haste, do sonhado botão azul! Ao fim de setenta anos de experiências
e sonhos, em que se lhe misturavam na imaginação as chagas vermelhas de Cristo
e as manchas celestes da sua rosa encantada, surgiu, afinal, no coroamento de
um galho de roseira, um botão azul, como o céu. Centenário e curvado, o
velhinho não resistiu à emoção; adoeceu, e, conduzido à cela, ajoelhou-se
diante do Crucificado, pedindo-lhe, entre soluços pungentes, que, como prémio à
santidade da sua vida, não lhe cerrasse os olhos sem que eles vissem,
contentes, o desabrochar da sua rosa azul.
Em volta do santo velhinho, no catre do mosteiro, todos choravam, compungidos. E foi, então, que, divulgada de boca em boca, foi a notícia ter a um convento das proximidades, onde jazia, orando e sonhando, uma linda infanta de Portugal. Moça e formosa, e, além de formosa e moça, - fidalga e portuguesa, compreendeu a pequenina freira, no jardim do seu sonho, o valor daquela ilusão, e correu à sua cela, consumindo toda uma noite a fazer, com os seus dedos de neve, uma viçosa flor de seda azul, que perfumou, ela própria, com essência de gerânio. E no dia seguinte, pela manhã, morria no seu catre, sorrindo entre lágrimas de alegria, por ter nas mãos trémulas, por um milagre do céu, a sua rosa azul!
Em volta do santo velhinho, no catre do mosteiro, todos choravam, compungidos. E foi, então, que, divulgada de boca em boca, foi a notícia ter a um convento das proximidades, onde jazia, orando e sonhando, uma linda infanta de Portugal. Moça e formosa, e, além de formosa e moça, - fidalga e portuguesa, compreendeu a pequenina freira, no jardim do seu sonho, o valor daquela ilusão, e correu à sua cela, consumindo toda uma noite a fazer, com os seus dedos de neve, uma viçosa flor de seda azul, que perfumou, ela própria, com essência de gerânio. E no dia seguinte, pela manhã, morria no seu catre, sorrindo entre lágrimas de alegria, por ter nas mãos trémulas, por um milagre do céu, a sua rosa azul!
Agora a parte mais difícil desse
testemunho, explicar o inexplicável. Ao tomar conhecimento dessas informações
eu fui tomada da minha razão, sequestrada de mim mesma e acolhida por completo
em Cristo. Não estou dizendo, irmãos, que essas informações ilustram a verdade,
elas foram um meio, uma ponte que Deus se utilizou para me ter perto dele. Ele
poderia ter se utilizado de qualquer coisa ou situação, mas por meio da figura
de uma rosa azul Ele quis manifestar em mim seu amor. Naquele instante me
entreguei a uma sensação incrível de certeza de ter recebido uma Graça especial
de Deus. Pensei no “sonho”, na voz interna e tudo estava se esclarecendo em
mim. Eu pude sentir que o “sonho” foi na realidade uma vivência espiritual onde
Maria caminhava ao meu lado. Ao acordar (depois de não dormir), falei de tudo
ao meu marido, da voz que me pedia para buscar na internet a rosa azul, da
experiência de sensações que tive e relatei novamente o sonho. Lembro de
perguntar a ele quem ele imaginava que eram as três pessoas que podiam colher
as rosas azuis. Qual foi a minha surpresa? Ele me respondeu que devia ser a
Santíssima Trindade e eu pude nesse instante ter certeza disso. A pessoa que me
ofereceu uma rosa azul era Cristo. E foi Maria quem me levou até Ele. E ainda , meu marido me alertou o que eu já deveria saber, mensagens que nos trazem sensações ruins jamais viriam de Nossa Senhora.
A essa altura eu já sabia que rosa azul não
existia, portanto não eram raras, eram impossíveis de se conseguir. Fui tomada
a pensar na relação entre o “sonho” e as informações que encontrei. Só Deus
pode colher a rosa azul e nos entregar, pois só Ele dá a vida por nós sem
esperar nada em troca e seu amor é incondicional. A lenda ilustra bem a busca
do monge por esse amor, mas entre nós ele é impossível assim como não existe e
não é possível reproduzir tal rosa. O “sonho” me mostrou que no jardim de Deus
essa é a rosa mais comum e é ofertada por Ele a todos nós. Eu aceitei essa
rosa, no “sonho” e na vida. A partir de então eu fui tomada por Deus, não sei
como expressar o que aconteceu, mas não foi nada racional. Estou tentando
trazer à luz da razão minha experiência puramente espiritual, mas fica muito difícil
fazer vocês entenderem o ocorrido. Novamente eu repito, eu fui sequestrada da
minha vida e parei no colo de Cristo, instantaneamente, verdadeiramente. Só depois
de experimentar essa sensação incrível eu fui buscar pensar a respeito, mas eu
já estava totalmente apaixonada e entregue a Cristo. Não havia espaço para dúvidas, a Verdade tomou conta de mim.
Vida Nova –
Reconciliação com Cristo
Dia 8 de Junho de 2009, aniversário da
minha mãe, dia escolhido para minha confissão da vida inteira. Antes disso
passei dias arrependida, refletindo e escrevendo meus pecados, sempre em oração, para
confessá-los. Quem me conhece pode imaginar que me atentei aos detalhes, fiz
uma lista de quatro folhas, frente e verso, para essa minha primeira
confissão. Na verdade segunda, porque me confessei ainda criança quando fiz
primeira comunhão. Mas eu só pude
refletir a respeito porque busquei conhecer o que ofende a Deus e me assustei
quando percebi o quanto eu estive enganada a vida inteira. Eu vivia na ignorância,
eu acreditava ser pecado aquilo que o mundo dizia. Mas o mundo mente e se
ignoramos a Verdade, continuamos a ofender a Deus sem nem ao menos darmos conta
disso. Posso dizer que sofri muito ao me ver tão pecadora, mas isso fez parte
do meu processo de conversão. Decidi buscar a Verdade e ser obediente a Ela por
amor. No dia da confissão fui a Igreja São Francisco de Assis, a mesma que via da minha janela, morrendo de
vergonha, tremendo de nervoso, mas cheia de esperança. Que maravilhoso
encontrar meu melhor amigo, Jesus, me esperando de braços abertos! Reconciliada
com Cristo, dei início a minha nova vida sem o peso de tantos pecados e com o
coração ainda mais sedento de Deus. Não era
mais eu, era Cristo em mim que me levava a buscá-lo e eu só conseguia pensar no
tempo perdido longe de Deus. A vida velha estava definitivamente abandonada, dando espaço à vida nova em Cristo.
Meu primeiro mês pós conversão foi
particularmente especial. Eu vivia em êxtase, rezava o Rosário todos os dias
(Rosário inteiro, não só o terço), lia e vivenciava a Palavra de Deus,
encantada em como não era tão difícil quanto eu pensava entendê-la. Ao
contrário, era deliciosamente fácil. Eu estava preenchida e envolvida
totalmente pelo amor de Deus. Tudo o que me amedrontava em nada mais me
atingia, eu conseguia evitar sentimentos ruins que antes eram constantes em
minha vida. Eu me mantinha permanentemente em oração, o dia inteiro. Eu ia a
Missa e vivia-a intensamente todos os dias. A Missa me emocionava profundamente
e eu podia sentir todo o tempo a presença de Deus, eu podia amar os
desconhecidos ao meu lado pelo simples fato de sermos irmãos em Cristo. Eu via
Cristo em cada um deles. Eu estava extasiada! Me sentia livre, vivia a sensação do Amor o tempo todo, estava
plenamente feliz e realizada. Sentia Maria rezando comigo e a presença
constante de Cristo. E pensei que já estava definitivamente convertida, mas estava enganada.
Hoje eu sei que a conversão é uma decisão
diária. É uma batalha que, fortalecidos com os sacramentos da Igreja, podemos e
devemos vencer em Cristo. Após esse primeiro mês as dificuldades da vida foram
sendo reintroduzidas em mim e aquele sentimento inicial, que me mostrava ser tão
fácil o caminho de Cristo, foi modificado. Hoje dou Graças a Deus por isso,
pois muito me ensinou. Fui me sentindo mais fraca. Quando notei essa mudança eu
sofri, não conseguia entender porque estava mais difícil sentir Deus em mim,
porque estava mais difícil me manter em oração e resistir às tentações do dia a
dia. Agora eu entendo porque, Deus chama cada um de nós de maneira particular e
espera que respondamos a Ele também cada um a sua maneira. Deus me deu a Graça
de sentir e viver um pouquinho do céu por um tempo em meu coração para que hoje
eu tivesse força e desejo de permanecer em seu caminho. Ele se utilizou de
sensações fortes desde o início em mim porque sabe que eu me envolveria
radicalmente em seu amor. E me tirou do estado inicial de êxtase para me
mostrar que o caminho é difícil, sofrido, porém o que me espera no céu supera
qualquer incômodo na terra. Em mim ficou uma chama que me faz desejar sentir e
viver novamente aquilo que inicialmente experimentei.
Algum
tempo se passou e pude estudar mais as coisas de Deus. Ano passado fui crismada
e durante a catequese muito me foi passado a respeito da Verdade que é Cristo.
Pude entender que Deus fala conosco, nos chama a todo tempo e cuida de nós
pessoalmente. No “sonho” que relatei, por exemplo, pude ouvir sua voz dentro de
mim, mesmo que naquele tempo não tivesse nem idéia de que Ele se ocupava de nós
dessa forma. Deus falou também comigo, naquela experiência, pelo meu marido quando
este reconheceu as três pessoas do “sonho” como sendo a Santíssima Trindade.
Mas não parou por aí, Cristo continua falando, nos chamando, nos buscando. Cada
um de nós pode ter uma experiência particular com Ele, pois esse é o seu desejo.
Comigo, Deus se utilizou de uma experiência assustadora, causada pelos sites
que me fizeram ter sensações ruins, para me mostrar, através do “sonho”, que
Ele está comigo. Sim, porque de alguma forma esse sonho foi uma resposta à
angústia que senti momentos antes. É lindo saber que Deus transforma a agonia
em esperança. Ele faz do mal um bem para nós.
Irmãos, Deus nos ama incondicionalmente
e nos quer junto dEle na vida eterna. Mas para que possamos desfrutar de sua
Glória, na verdadeira vida, é necessário abrirmos mão da mentira, apegos, vícios
e tentações dessa vida passageira e nos agarrarmos à Cruz de Cristo. Só Jesus
pode nos salvar da perdição e dar-nos a Salvação eterna. Não se enganem, o
mundo quer nos confundir, busquemos a Verdade. Quando decidimos por Deus estamos
livres. E somos escravos quando decidimos pelo mundo. Decidam por Cristo!
E então, você aceita a rosa azul
ofertada por Deus?
Que a Santíssima Trindade de Deus seja
presença constante em nossas vidas e que nos faça decidirmos a cada dia pelo
Amor. Que o preciosíssimo sangue de Cristo nos proteja das tentações e do mal,
dando-nos força para superá-los. Que o Espírito Santo acenda em nós o desejo de
vivermos nesse mundo com os olhos voltados para o Céu. Amém.
Camila Souto.
Que lindo! PARABENS, te amo. carol
ResponderExcluirQuerida... bjs pra você... sempre tão especial... e na sua abençoada famíia.
ResponderExcluirLindo, Camila. Só crendo muito em Deus e tendo muita fé que eu consigo dar continuidade a essa vida tao atribulada e com tantas dificuldades que eu venho vivvendo. Ler este testemunho me deu mais força ainda. Beijocas
ResponderExcluirKmy, você tem o dom da palavra. Os textos são muito comoventes.
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